Entrevista do Batera e fundador da DrumFeel Alexandre Cunha (Odery) para o site "Batera".

Alexandre Cunha não toca, lapida bateria. Seus tambores assumem contornos esculturais nas baquetas desse mago da bateria. Essa é a conclusão que chegamos depois de escutar seu último trabalho.

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Reconhecido em todo o planeta, Alex Cunha é uma daquelas poucas pérolas que o Brasil orgulhosamente exibe na comunidade musical internacional, como produto genuinamente brasileiro. Alexandre Cunha é da nova safra, hoje já madura - são dezenove anos de estrada na profissão.Em matéria de workshop, só para se ter idéia, se somam mais de cinqüenta em todo o Brasil.
À frente da Drum Feel, a maior escola de música popular de Campinas (com 250 alunos, em média), Alexandre prima pela formação acadêmica - pilar fundamental de seu sucesso profissional.

Enfim, apesar de suas intensas atividades, Alex Cunha nos concedeu alguns minutos de sua concorrida agenda para que possamos revelar a vocês um pouquinho desse baterista, que passou grande parte da sua jornada gravando, lecionando e acompanhando grandes artistas - no Brasil e no exterior - Alexandre Cunha já viveu na Alemanha.

Nosso público é exigente. Somos um site especializado em batera no país dos tambores, mas se vocês pensam que é difícil encontrar nomes que satisfaçam as exigências da galera, vocês estão enganados. Aqui está mais um para provar isso. É com muita satisfação que apresentamos a vocês: Alexandre Cunha.

Site Batera : Quando você nasceu, seu berço deve ter sido um bumbo de 24", da Odery. Esse contexto familiar pode ter influenciado, mas dentro de todo baterista existe um artista, cuja a alma é seduzida no primeiro toque de um tambor - é quando nos morde o "bichinho da bateria". Conte pra gente, como tudo começou? Como foi o seu encanto com os tambores? Com que idade você começou a tocar?

Alexandre Cunha : Ah essa é boa de responder. Já vi gente dizendo que eu tinha que tocar mesmo, pois nasci entre tambores e parafusos - só que é justamente o contrário: sou o primeiro músico da família, e só porque eu tocava bateria é que meu pai começou a fabricar o instrumento. Nunca poderíamos imaginar que a Odery chegaria a esta proporção, mas eu nunca tive envolvido com a fábrica. Meu negócio foi sempre tocar, tocar e tocar. Comecei a tocar bateria super tarde, com 17 anos. Foi aquela coisa que todo batera passou: você ouve o som do bumbo e se encanta. Formei-me em técnico químico e, quando fui trabalhar, pensei "que estou fazendo aqui? Eu quero é ser batera". Daí, com 18 anos, só estudava o dia inteiro pra correr atrás do prejuízo. Acordava 7:00 da manhã pra estudar. Minha mãe me via de pé e perguntava: "O que você está fazendo acordado há esta hora??".

Site Batera : Você viveu anos na Alemanha. Com que finalidade? Como é o mercado para o músico na Europa? É mais gratificante? Tem mais oportunidades de trabalho? E o nível técnico, se exige mais do baterista do que aqui? Enfim, você recomenda a Europa para se buscar mercado para trabalhar?

Encare os horários com seriedade. Cumpra todo o Plano de Estudo. Pior do que fazer algo em um dia contragosto é ver quanto tempo passou e você continua no mesmo lugar, ou ainda pior, o tempo passou e seu sonho ficou apenas em pensamentos.
Alexandre Cunha : Bom, a história da Alemanha foi o seguinte: estava tranqüilo em casa, tocou o telefone e um cara que morava lá estava procurando um batera brasileiro, e me disse "tenho trabalho fixo e lugar pra você morar", e eu pensei, "não posso perder esta oportunidade". Na Europa é o seguinte: não tem jeito - se você é brasileiro, tem que tocar música brasileira ou morre de fome. Por outro lado, se você toca bem, eles piram mesmo. A diferença lá é que não tem nenhum picareta tocando, mas eles são muito especializados. Os caras do rock só tocam rock, os de funk só tocam funk e assim vai, mas se você toca bem um som brazuca e sabe se virar bem, eu recomendaria muito tocar fora do Brasil. Não só pela música, mas também como experiência de vida.

Site Batera : Fale um pouquinho da sua jornada até aqui. Conte pra gente, dentre as grandes estrelas que você acompanhou, quais as que mais te marcaram e aquelas que você mais se identificou. E as gravações, quais são as inesquecíveis?

Alexandre Cunha : Na verdade eu nunca toquei com um grande artista. Antes de ir para a Alemanha acompanhava Marcelo Costa (apresentador e cantor da rede Record). Acompanhei também Marcelo Aguiar. Daí fui pra Alemanha e depois que voltei comecei a desenvolver o Brazilian Duet que tomou todo meu tempo. Acho que a gravação do vídeo foi a mais importante e na época era uma coisa muito moderna. Aliás, ainda é até hoje. Na Alemanha, esqueci de falar, nos 3 anos que fiquei por lá gravei 5 CDs, de vários trabalhos diferentes e todos foram muito legais e com grandes músicos. Com certeza foi uma das épocas em que mais me desenvolvi na vida.

Site Batera : A teoria é fundamental? Ainda existe espaço para aquele baterista indisciplinado, que passa longe da vida acadêmica? Sem teoria você limita as oportunidades?

Alexandre Cunha : A teoria é uma das peças fundamentais e ela só vem pra ajudar. Eu acho que não temos mais espaço para o músico indisciplinado, mas não podemos esquecer que tem músicos que tem uma musicalidade nata e que não sabem nada de teoria mas que tocam muito. O exemplo vivo disso, no meu CD, são os músicos: Serginho Carvalho, um dos maiores baixistas do Brasil e Dominguinhos que é um mago no acordeon. Na gravação você constata que eles tocaram muito e não sabem ler nada, mas é lógico que se eles soubessem ler só ajudaria. O Dominginhos para que vocês entendam, fez o tema inteiro de ouvido. Ele ia ouvindo e fazendo, mas como era um tema muito grande ele demorou quase 2 horas pra fazer. Se ele soubesse ler tocaria em 15 minutos.

Site Batera : Você é endorsee de um montão de marcas. Conte pra galera como é o seu relacionamento com as marcas. Quais são elas? Como é ser endorsee? Fale de seus workshops.

Alexandre Cunha : Bom, a princípio sou "paitrocinado" pela Odery. Tenho endorse da pele Evans, baquetas Super Safira e Zildjian. A Zildjan foi como um sonho: o Sallaberry da Pride mandou nosso vídeo para a Zildjian Internacional e eles aprovaram o endorse e podemos escolher 10 pratos à nossa escolha. Foi como um sonho realizado, ainda mais com a Zildjian. Eu acho que o negócio de endorse no Brasil tá muito pervertido. Os músicos vão pedindo endorse de marca em marca sem nenhum critério. E mais: o convite tem que partir primeiro da empresa. É muito chato você ficar se oferecendo. Eu pelo menos acho. Workshops, apesar de a maioria deles terem sido com o Brazilian Duet, fiz vários sozinho também. Acho muito importante você falar em um tema que atinja a todos. Não pode ser muito específico. Eu tenho um workshop sobre solo, mas aquele batera que está começando, apesar de não saber nada sobre solo, vai ter uma idéia de como fazer isso no futuro - isso eu acho importante.

Site Batera : E a sua coluna na Modern Drummer? Qual a sensação de saber que as suas palavras e idéias chegam nos quatro cantos do Brasil? E o peso da responsabilidade?

Alexandre Cunha : É uma coisa muito gratificante e de muita responsabilidade, mas eu tenho uma idéia diferente da maioria dos colunistas. Eu sempre vejo os caras escreverem sobre paradiddles , acentos, coisas que em qualquer livro ou qualquer professor pode te passar - então eu procuro escrever sobre como pensar diferentes em determinadas situações. Por exemplo: fiz várias matérias sobre samba, mas totalmente fora do padrão tradicional, uma visão bem moderna e bem pessoal.

Site Batera : Finalmente chegamos onde queríamos desde o início dessa entrevista: seu novo CD. Fale desse seu novo trabalho, que, já sabemos, tem a participação de Airto Moreira e Arthur Maia.

Alexandre Cunha : Pô, falando nesse CD tenho história pra contar. Foram três fases bem distintas. Tudo começou quando o Airto veio para o Rio em 2002. O Maurício (Odery) fez a ponte com o Airto. Ele já usava Odery na época e topou na hora. Como já estávamos no Rio chamamos o Arthur (Maia) que é uma figura incrível, além de um suuuuuper músico. O Arthur chamou o Marcelo Martins (sax) e eu convidei meu amigo Mauricio Piassarollo (teclados), que é um músico de extremo bom gosto. Aliás, o que impera no CD é o bom gosto e a musicalidade de cada um, que está muito acima do virtuosismo - que, por sinal, todos os músicos têm de sobra - acontece quando músicos maduros não precisam mais provar mais nada pra ninguém e tocam com o coração. Este foi um time que qualquer músico em qualquer lugar do mundo queria tocar. Dai aconteceu algo de mais especial ainda: Alegre Correa, um guitarrista e compositor - um dos melhores do mundo - pra se ter uma idéia, seus CDs são lançados em Songbooks, pela Europa - para mim o melhor compositor brasileiro de todos os tempos - um ídolo pra mim. Quando ele veio de tour pelo Brasil convidei-o para tocar no meu CD. Ele só não ficou super feliz com o convite como também disse: "se você quiser posso levar a banda inteira" - e foi como um sonho quando você toca ao lado de seu ídolo e com uma banda maravilhosa por trás. Foi tão bom que os takes saíram tudo de primeira, sem nenhuma edição. A música Bachião, de Alegre Correia - a mais linda que toquei na minha vida, fiz questão de começar com ela - é um pouco erudita. Quem compra um CD de batera e começa ouvi-la, acha que comprou o CD errado, mas foi um choque que fiz de propósito. Ah, e pra completar, o baixo de Serginho Carvalho: tem hora que você o ouve tocando e depois, o Arthur - e fica sem saber quem é melhor, porque são os dois melhores do Brasil. E quando eu achei que não teria mais nenhuma novidade, tive a surpresa e a honra de gravar com Dominguinhos que continuou dando bom gosto e muita musicalidade ao CD. Além disso, as músicas foram escolhidas à dedo. Peguei músicas de vários CDs de amigos...músicas que gravei... procurei sempre achar músicas bonitas e melodiosas. O grande retorno que estou tendo é que várias pessoas leigas tem gostado muito do CD e dizem: "Nunca achei que ia gostar de um CD instrumental" e esse é o maior elogio que posso receber.

Site Batera : Enfim, como de praxe, tendo em vista que desempenhamos uma função educativa e orientadora para aqueles que estão começando ou aqueles que pensam em se profissionalizar, qual o recado que você manda para a nova geração? Qual o segredo do sucesso e como alcançar uma estabilidade profissional?

Alexandre Cunha : Não existe segredo. O negócio é malhar, malhar, malhar. O músico hoje tem que acordar cedo para estudar, ter aulas, ver vídeos, ir a shows, e como já falamos anteriormente, ser muito responsável. Nada de chegar atrasado, tocar bêbado ou drogado, não sair queimando todo mundo, coisas que todo mundo sabe, mas mesmo assim muitos não fazem. Se você for um bom músico com certeza terá trabalho e será reconhecido por aquilo que faz.



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